A afirmação do conceito – desenvolvimento sustentável – como linha orientadora dos modelos de governança e liderança contribuiu, ao longo dos últimos anos, para o aparecimento de novos segmentos de mercado adaptados aos objetivos e propósitos do turismo sustentável, um turismo que promove sociedades modernas, equitativas, capazes de gerar riqueza, emprego e bem-estar, sem prejudicar o meio envolvente.
É neste quadro operacional que o Geoturismo desenvolve uma nova imagem turística de caráter inovador, autêntico e com preocupações acrescidas sobre o ambiente, património e comunidades locais, revolucionando, assim, o propósito limitador que lhe fora atribuído no passado, enquanto “estudo geológico e geomorfológico dos territórios”.
O Geoturismo desempenha um papel crucial na compreensão e valorização dos legados geológicos e geomorfológicos, através da criação de meios interpretativos adequados e experiências que beneficiam as economias locais. Porém, o seu foco de atuação e investimento prende-se, sobretudo, com a conservação e preservação de geossítios, ações encaradas como essenciais para o desenvolvimento do segmento e de novos produtos turísticos seguros, atrativos e de riqueza singular.
Além disso, este é um segmento composto por uma dinâmica muito própria, e bastante complexa, que permite contemplar não só a forma das estruturas (fósseis, minerais, sedimentos, forma do vulcão, dunas), mas também, em alguns casos, os processos da sua formação (movimentos tectónicos, erosão, vulcanismo, ondas de lava, mantos de gelo, deslizamentos de terra, vales dos rios), multiplicando, assim, os seus atrativos.
Um olhar atento sobre a sua definição permite encontrar uma inevitável proximidade com o conceito de sustentabilidade, o que poderá indicar que este segmento se encontra alinhado com os princípios do turismo sustentável. Algo que vem consolidar esta ideia é a priorização de 3 focos de atuação: compreensão, valorização e conservação.
Atualmente, a UNESCO apresenta-se como um organismo internacional que contribui, afincadamente, para o desenvolvimento e promoção do património geológico, na medida em foi a entidade fundadora da Rede de Geoparques Mundiais UNESCO, uma rede que conta com 177 geoparques, em 46 países diferentes, visandodistinguir áreas naturais com elevado valor geológico, ao mesmo tempo que privilegia práticas sustentáveis.
Em Portugal existem 5 geoparques que integram a rede UNESCO: o Geopark Naturtejo, o Estrela Geopark, o Arouca Geopark, o Geopark Terra de Cavaleiros e o Geopark Açores.
A definição de Geoparque, introduzido pela UNESCO, indica “área geográfica única e unificada, onde sítios e paisagens de importância geológica internacional são geridos com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável”. O termo “geossítio” é, também, frequentemente, usado para designar estes locais, mas de forma individual.
O trabalho que este organismo internacional tem vindo a desenvolver é vasto, assim como os resultados conseguidos. A criação da Rota Europeia Atlântica do Geoturismo representa mais um contributo dado pela UNESCO para a promoção do segmento. Esta foi criada para apoiar o desenvolvimento do geoturismo em vários destinos do espaço atlântico europeu, ligando as paisagens, comunidades, culturas e experiências vibrantes da Irlanda, Reino Unido, França, Portugal (Geopark de Arouca e Geopark Açores) e Espanha numa só rota.
Os atrativos turísticos são inúmeros e têm um potencial vasto, resta agora perceber qual o público a atingir, ou seja, quem são os geoturistas?
Embora seja possível definir geoturismo, torna-se mais complexo designar quem é o seu público, o que procura e o que o motiva. Um estudo desenvolvido por Bob McKercher, em 2002, identificou possíveis tipologias de geoturistas: (1) o visitante motivado, exclusivamente, pela existência do geossítio; (2) o turista com intenção de visitar o geossítio e desfrutar; (3) o turista que escolhe visitar, mas o geossítio possui um papel moderado na tomada de decisão (4) o geoturista acidental sem conhecimento; (5) o turista que vista, mas não aprecia.
Em Portugal, de Norte a Sul, incluindo nas ilhas, é possível encontrar centenas de locais, com elevado valor geológico e geomorfológico, capazes de maravilhar qualquer um. Existe a necessidade de oferecer uma oportunidade a estes locais e às comunidades que os envolvem, gerando benefícios económicos e sociais à volta dos mesmos, mas destacando a importância e necessidade constante de conservação e preservação dos espaços, metodologia imprescindível para garantir a sobrevivência dos atrativos. O geoturismo representa uma viagem pela história do planeta Terra, desde a origem da sua formação até ao aparecimento das várias civilizações. Esta viagem contempla inúmeros percursos repletos de vestígios milenares e momentos de reflexão interior que nos relembram o impacto que o passado representa no vislumbrar do presente e do futuro.