Grande Museu Egípcio: Será desta?
A História Universal assemelha-se a uma peça de tapeçaria densa, formada pelo entrelaçar de civilizações, impérios, revoluções e movimentos.
Ao longo dos séculos, foram vários os povos que se ergueram, moldaram fronteiras, discutiram ideias e conceitos, deixando a sua marca no tempo e no espaço. Contudo, entre os vários períodos representadas na cronologia universal, é inegável que Egito Antigo se destaca como uma das mais importantes civilizações, não só pela sua antiguidade, mas também magnificência.
Foi no Egito que o ser humano aprendeu a eternizar-se, através da escrita, da arquitetura, da arte e da espiritualidade. O tempo passou a medido com rigor, o Estado estratificou-se, o poder religioso aliou-se ao poder governativo e a própria morte ganhou um novo significado.
A verdade é que a civilização egípcia forjou uma importantíssima matriz cultural, capaz influenciar a humanidade nos séculos vindouros, desde o pensamento religioso, o mundo greco-romano, o Renascimento europeu e outros tantos movimentos.
Ainda hoje, após milénios, esta civilização continua a exercer um magnetismo inexplicável, uma combinação de mistério, fascínio e reverência, sensações responsáveis por mover milhões de viajantes todos os anos.
Em 2024, o Egito registou o valor recorde de aproximadamente 15,7 milhões de chegadas internacionais, o que corresponde a um crescimento de 5% em relação ao ano anterior. (Ministério do Turismo e Antiguidades). A estratégia nacional do destino visa aumentar o tráfego turístico para 30 milhões de turistas até 2028, tendo documento definido uma visão para o turismo sustentável até 2030.
Todavia, a maior aposta e, simultaneamente, a mais aguardada surpresa do setor turístico egípcio está por acontecer, após mais de duas décadas de espera. A abertura oficial do maior museu arqueológico do mundo dedicado a uma única civilização, o “Grande Museu Egípcio”.
Erguido nas imediações das pirâmides de Gizé, o “GEM” ocupa uma impressionante área de 50 hectares. Para que o leitor tenha uma ideia da sua dimensão, este museu é duas vezes maior do que o Louvre, em Paris, sendo que supera também as dimensões do Metropolitan Museum, em Nova Iorque, e do Museu Britânico, em Londres.
Entre as mais de 100.000 peças que compõem o seu vasto acervo, destacam-se a coleção completa dos tesouros de Tutankhamon e alguns dos emblemáticos barcos solares de Quéops. O museu contará ainda com um moderno centro de conservação e restauro que reforça o seu âmbito científico. (Serviço de Informação Estatal).
A construção do “GEM” teve início em 2004, mas a instabilidade política vivida pelo Egito nos últimos anos, incluindo os episódios da Primavera Árabe, entre 2010 e 2012, contribuiu para sucessivos adiamentos da sua abertura.
Em outubro de 2024, foi realizada uma abertura experimental que permite aos visitantes o acesso a doze galerias, ao “Grand Hall”, à escadaria central e aos jardins. Mesmo com esta abertura parcial, o museu já atraiu mais de 300.000 visitantes, indício claro do seu potencial atrativo. (Travel and Tour World).
Vários especialistas consideram o “GEM” uma oportunidade única para reposicionar o Egito como um destino turístico de excelência a nível global. Mais do que o aumento do fluxo de visitantes, espera-se que a abertura do museu se traduza numa transformação estrutural do setor, através de estadias mais prolongadas, modernização da oferta hoteleira e a atração de um novo perfil de viajante, mais exigente e disposto a investir em experiências exclusivas e de alto valor acrescentado.
O primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly, tem sublinhado a importância estratégica desta inauguração. Foram anunciados investimentos complementares significativos, nomeadamente em infraestruturas, segurança e transportes, com o objetivo de garantir uma experiência de excelência. (Travel and Tour World).
Recentemente, as autoridades egípcias confirmaram o interesse de diversos líderes mundiais em marcar presença na cerimónia de inauguração oficial, prevista para o dia 3 de julho de 2025, até ao momento. A cerimónia irá decorrer nos espaços do museu e nas cidades do Cairo e Gizé, mas também poderá passar por outras províncias egípcias que irão associar-se às comemorações.
A inauguração do Grande Museu Egípcio representa muito mais do que a abertura de um espaço expositivo. É, na verdade, um exemplo de como a cultura pode impulsionar transformações económicas, sociais e até políticas.
Num país africano, onde o turismo representa cerca de 8% do PIB e emprega milhões de pessoas, espera-se que este novo ícone cultural venha reconfigurar a imagem internacional do Egito e servir como catalisador para o desenvolvimento de outros setores.