A escolha de um destino de férias tem em conta diversos fatores como o preço, a distância, as paisagens, entre muitos outros. A surpresa, pelo menos para alguns, surge numa pesquisa realizada pela empresa Schofields Insurance, que entrevistou britânicos com idades entre os 18 e os 33 anos. Este estudo revela que para estes turistas a “Instagrammability” é o principal motivo para escolherem um destino.
O ‘Instagrammability’ não é nada mais do que a perceção do utilizador sobre a capacidade que um destino tem em dar fotos apelativas para o Instagram, gerando “likes” e aumentando assim a influência online de quem as publica.
Na Revista Científica Tourism Management foi publicado igualmente um estudo onde se pretendia perceber se o retorno social (isto é, a quantidade de feedback positivo que uma publicação gera nas redes sociais) tinha um peso significativo nas intenções de férias de americanos que pretendiam visitar Cuba. Os investigadores chegaram à conclusão que sim, que este era um fator significativo na sua decisão de viagem. Os turistas afirmaram que as publicações que viram, de quem já tinha visitado, faziam com que estas parecessem “mais populares”, “superiores”, “únicas”, aumentando por isso a vontade de para lá viajar.
De certa forma, o comportamento que era habitualmente associado à pós-viagem, de partilhar fotos e comentários online à chegada, é agora feito diretamente enquanto se está no destino ou no restaurante, até mesmo antes de sequer ter experimentado a comida ou de estar imerso na experiência no local onde se está. Isto acontece porque, às vezes, o vivenciar do destino não é a motivação principal. Em vez disso, a objetivo é tirar uma foto, partilhá-la nas redes sociais e mostrar às pessoas onde se está, de forma a aumentar o seu ‘ego’ e influência online. Este tipo de turistas é agora conhecido por “selfie gaze tourists” e experienciam o destino essencialmente pelas suas câmaras e pelos comentários e feedback que recebem às suas publicações. Neste sentido, para estes turistas a sua satisfação não depende tanto da qualidade do destino mas sim, do feedback que as fotos do destino recebem e quantos “likes” e comentários positivos conseguem atrair nas redes sociais.
No entanto, é necessário realçar que estes comportamentos têm levantado questões sociológicas por levarem facilmente a pessoas mais “infelizes”. Este uso do social media é utilizado para fazer comparações sociais com conteúdo de outros utilizadores, que refletem um “eu” idealizado, relações superficiais e emoções e experiências encenadas, simplesmente para melhorar o marketing pessoal e enaltecer a posição social.
Os destinos e empresas do setor turístico, por sua vez, aproveitam-se desta nova moeda que é a influência digital, a fim de utilizarem estes “selfie gaze tourists” como promotores das suas marcas. Por exemplo, o design do “1988 Hotel” em Sydney foi concebido tendo o Instagram em mente e criou locais ideiais para tirar fotografias no hall e quartos. Os marketers na área do turismo têm investido cada vez mais no marketing de influenciadores, uma estratégia que usa celebridades ou influenciadores digitais, para que estes publiquem conteúdo favorável sobre a sua marca.