A Terra é um corpo celeste peculiar, intrigante e, ao mesmo tempo, fascinante, onde existe uma grande diversidade de vida, paisagens e fenómenos naturais que, em conjunto, formam a dinâmica deste planeta.
Desde cedo, a ocorrência de fenómenos naturais foi um motivo de grande curiosidade e interesse por parte de investigadores e entusiastas, principalmente. Porém, nos últimos tempos, o aumento da atividade vulcânica, levantou a discussão de que este fascínio não seja, apenas, partilhado por especialistas, mas, também, por visitantes ou simples aventureiros que anseiam experiências diferentes e únicas.
Em 2021, os vulcões Fagradalsfjall, na Islândia, e Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, entraram em erupção e foram alvo de uma elevada procura turística que se fez sentir através da movimentação de pessoas, da lotação de alojamentos e da procura incessante de serviços de transporte.
No final de março de 2021, milhares de pessoas na Islândia caminharam até ao vale de Geldingadalur para assistir à agitação da lava na cratera do vulcão Fagradalsfjall, quando este entrou em erupção pela primeira vez em quase 800 anos, segundo um artigo da National Geographic.
Situação idêntica ocorreu com o vulcão de La Palma. Curiosos e jornalistas uniram-se aos turistas habituais e os aviões e navios começaram a chegar com mochileiros munidos de câmaras. A pressão sobre a rede de alojamento da ilha dificultou inclusive que aquelas pessoas que viram as suas casas destruídas pela lava encontrassem moradias, segundo um artigo do El País, em setembro de 2021.
Algo que pode ter contribuído para o aumento da procura turística, direcionada para os fenómenos geológicos naturais, é a constante exposição de imagens e vídeos deslumbrantes, tanto nos media como nas redes sociais, que aos olhos do público constituem autênticas fontes de inspiração. Neste contexto começa a ser usado, com alguma frequência, o termo “caçadores de lava” para designar aqueles que procuram captar o melhor momento ou imagem vulcânica, com o intuito de o ou/ a tornar viral.
Apesar do vulcanismo representar um cenário adverso, com implicações no quotidiano das sociedades, o setor turístico pode oferecer um “input” positivo se for usado como ferramenta de organização e gestão territorial que promova a resiliência, o conhecimento e a revitalização das economias mais afetadas.
Nos Estados Unidos existem parques nacionais de vulcões ativos que incorporam centros de investigação e possibilitam a entrada de turistas. Nestes parques, o turismo representa uma fonte de financiamento e promoção da investigação sobre a atividade vulcânica.
Mas, em Portugal, também se encontram excelentes exemplos do trabalho do setor turístico envolvendo a natureza e os fenómenos naturais. A ilha Terceira, no arquipélago dos Açores, é conhecida por possuir a única chaminé vulcânica visitável em todo o mundo, o Algar do Carvão, que foi formada há cerca de 3200 anos e mede 90 metros de profundidade. (Público, maio, 2016 e Visita Azores).
A atividade vulcânica é um fenómeno geológico que existe há milhões de anos e faz parte da dinâmica natural da Terra. Por isso é importante que as sociedades e as atividades, incluindo o turismo, se adaptem a estes acontecimentos e criem soluções viáveis, de longo prazo, que permitam, não só, mitigar, mas também, preparar, alertar, responder e recuperar os territórios e as sociedades.
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