Viajar para o exterior com o objetivo de cuidar do corpo e da mente é um conceito que o IPDT já avançou. Fazer uma viagem para melhorar os hábitos de sono é, no entanto, uma tendência menos habitual. Trata-se de uma ideia que ganhou popularidade desde a pandemia e que já é prática em vários estabelecimentos hoteleiros, um pouco por todo o mundo. Os hotéis oferecem estadias para promover o descanso, para que as pessoas consigam fazer algo tão simples como dormir.
Estamos a dar ao sono a importância devida?
Ter uma noite de sono decente é cada vez mais difícil para algumas pessoas, especialmente nos últimos anos. Segundo dados de 2022 da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), 46% dos portugueses, com idade igual ou superior a 25 anos, dormem menos de 6 horas por dia, 21% dizem que demoram mais de 30 minutos para adormecer, 32% consideram ter um mau sono e 40% reportam dificuldade em manter-se acordados durante a condução e outras atividades diárias.
A pandemia parece ter desempenhado um papel central nesta revolução, pois teve um impacto significativo na qualidade do sono das pessoas. De acordo com o estudo “Como dormimos em tempos de pandemia?”, da Associação Portuguesa do Sono (APDS), quase metade dos portugueses (45,7%) revelaram que a qualidade de sono piorou no período relativo ao primeiro semestre de 2020, que os horários de deitar e de acordar tornaram-se mais tardios e as insónias aumentaram de 11% para 18,3%.
Segundo Teresa Paiva, neurologista e especialista em medicina do sono, o sono é um dos cinco pilares da saúde e dormir poucas horas aumenta o risco de desenvolver cancros, demência, doenças cardiovasculares, depressão e doenças autoimunes.
Qual a relação com o turismo?
Perante esta realidade, o turismo do sono, ou os locais de férias e programas focados em oferecer uma boa noite de sono aos viajantes, estão a tornar-se uma tendência de viagem relevante. Embora a ideia não seja totalmente inovadora, a verdade é que têm surgido serviços relacionados com o sono em pacotes de hotéis e SPAs ao longo dos últimos anos. Isto porque os especialistas do setor observam um maior interesse por parte dos turistas em envolverem-se em atividades e tratamentos que promovam um sono reparador. Em Portugal já existem algumas unidades hoteleiras dedicadas a este segmento com procura crescente, como por exemplo:
Sleep & Nature – Montemor-o-Novo
Este hotel promove um conceito de integração com a natureza e dedica-se a terapias de sono. Com a ajuda de psicólogos, uma neurologista e outros especialistas, o espaço procura aliar o lazer à resolução de problemas relacionados com a ansiedade, insónias e outros fatores que fazem com que nem sempre se consiga ter um sono reparador.
Hästens Sleep Spa – CBR Boutique Hotel – Coimbra
Este hotel tem sido reconhecido a nível internacional e aposta na qualidade das camas Hästens. Cada cama leva cerca de 200 horas a produzir, num processo integralmente manual e é nesta combinação que o melhor sono acontece e se criam as condições perfeitas para que o corpo e a mente se encontrem para garantir o rejuvenescimento físico e mental.
The Magnolia Hotel – Algarve
Foi o primeiro hotel do mundo a instalar nos quartos a tecnologia SleepHub, isto é, através da neurociência e tecnologia de som, há a emissão de ondas sonoras de baixa frequência para melhorar os padrões naturais do sono.
A preocupação com o sono dos hóspedes deverá ser uma tendência a observar ao longo dos próximos tempos. É expectável que mais unidades se adaptem a esta nova necessidade dos turistas, criando condições para que as pessoas possam dormir melhor, recuperando a saúde física e mental, por via de uma boa noite de sono.