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Nos últimos anos, os fenómenos de turbulência tornaram-se mais frequentes e intensos, algo que despertou o interesse da comunidade científica, empenhada em compreender as causas e desenvolver soluções.

As estatísticas foram divulgadas pela BBC e não permitem mentir. Dados de um estudo de 2024 destacam que os aviões enfrentam turbulência moderada a “severa ou maior” 68 mil vezes por ano.

Hoje, a aviação comercial envolve milhões de passageiros, investimentos elevados e uma operação global que está montada para não falhar. O recurso ao avião é imprescindível e a segurança é o pilar que sustenta esta indústria.

Na maioria das vezes, a turbulência causa apenas um desconforto passageiro, mas os episódios mais severos podem comprometer temporariamente o controlo da aeronave, colocar vidas em risco e provocar danos estruturais significativos, com custos operacionais elevados.

O risco existe, e torna-se ainda mais relevante num contexto em que a atmosfera está em mutação.

Mas antes de explorar os dados e interpretações que este artigo propõe, é fundamental conhecer o fenómeno e as características que o compõe.

A turbulência é um movimento irregular do ar resultante de redemoinhos e correntes verticais. Ela ocorre devido a mudanças na velocidade e direção do vento, causada por diferentes fatores naturais, como orografia, correntes de jato ou tempestades.

  • Quando o vento encontra uma montanha, por exemplo, parte do ar consegue passar suavemente sobre ela e continuar o seu trajeto. No entanto, outras massas de ar acumulam-se são forçadas a subir.
  • As correntes de jato, faixas estreitas e ondulantes de ventos muito fortes, que circulam a grandes altitudes perto dos polos, também geram turbulência. Quando um avião atravessa uma corrente de jato, especialmente em áreas onde a velocidade do vento varia de forma repentina e abrupta, o fluxo de ar que envolve a aeronave torna-se instável, provocando movimentos bruscos e inesperados. Este tipo de turbulência, por não estar associado a nuvens ou tempestades visíveis, é muitas vezes classificado como “turbulência de ar claro” (CAT), sendo uma das mais difíceis de prever e evitar.
  • As tempestades, especialmente as tempestades de trovão, criam turbulência devido às fortes correntes de ar ascendentes e descendentes dentro delas mesmas. Essas correntes, ao interagirem com massas de ar mais frias ou quentes, causam movimentos imprevisíveis do ar, resultando em turbulência.

Para fins de segurança e alerta, a turbulência é classificada em quatro níveis: ligeira, moderada, grave ou extrema. Esta classificação depende da intensidade do fenómeno que a origina e da estabilidade do ar no momento.

De acordo com o World Economic Forum, a frequência e a intensidade da turbulência em ar limpo têm vindo a aumentar como consequência direta das mudanças climáticas. À medida que as temperaturas globais sobem, impulsionadas pelo aumento das emissões de dióxido de carbono, o ar torna-se mais quente e instável, o que intensifica o cisalhamento do vento nas correntes de jato.

Pesquisas recentes concluíram que entre 1979 e 2020, a turbulência severa em ar limpo aumentou 55% na região dos Estados Unidos e do Oceano Atlântico Norte, uma das rotas tráfego aéreo mais movimentadas. (World Economic Forum).

Embora exista consenso entre a comunidade científica de que a turbulência em ar limpo se tornará mais frequente com o agravamento das alterações climáticas, os esforços para compreender esta tendência enfrentam várias limitações.

Estudos anteriores baseados em dados desatualizados, com baixa resolução espacial, cobertura geográfica limitada ou metodologias pouco diversificadas, dificultaram uma visão abrangente e precisa do fenómeno durante várias décadas.

Face a este desafio, tornou-se crucial o investimento em novos modelos e estratégias de previsão. Entre as abordagens mais promissoras, destacam-se simulações computacionais da atmosfera, o recurso às tecnologias LIDAR, um radar que utiliza lasers para detetar turbulência em ar limpo, e a aplicação da inteligência artificial para otimizar modelos, através do manuseamento de algoritmos com vastos conjuntos de dados atmosféricos.

Existe ainda um campo de estudo pouco explorado que sugere que o comportamento das aves pode revelar informações valiosas sobre a força das correntes térmicas, a direção e a velocidade do vento.

As aves migratórias percorrem milhares de quilômetros e ajustam as suas rotas à velocidade, direção e turbulência do vento, fatores que influenciam a energia gasta por este animais no voo. Algumas espécies, inclusive, dependem das correntes térmicas e do vento para permaneceram no ar durante meses e atingir altitudes elevadas. (BBC).

A correntes ascendentes e descendentes caracterizam-se como intensas e operam em ambientes altamente turbulentos, sobre os quais se sabe muito pouco, especialmente como é que as aves conseguem manter o controlo. Atualmente, diversos testes e estudos para rastrear e mapear esta informação, através dos animais já se encontram em curso.

Importa, contudo, reconhecer que a turbulência integra um ecossistema complexo e interligado, que responde constantemente às variações ambientais. Para que a aviação continue a operar com conforto e segurança dentro desse sistema, deve acompanhar essas variações em tempo real, antecipar os seus impactos e ajustar suas estratégias de forma eficiente.

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